Nuit - Céu da Sala Capitular e do Templo



Had! A manifestação de Nuit.
O desvelar dos companheiros celestes.
- Livro da Lei I 1-2.

A Arqueologia demonstra que o céu estrelado, o caminho do Sol e dos planetas no céu, os efeitos que esses astros causam na natureza e no homem ao longo do ciclo anual, foram alvo de estudo e análise dezenas de milhares de anos antes de surgir o que chamamos de "História".

Os egípcios identificaram essa maravilha misteriosa que é o céu noturno como o corpo da deusa Nuit, que engole o Sol em seu ocaso e o dava a luz no dia seguinte, em um "eterno" ciclo de morte e vida do Sol. Diferente de muitas outras mitologias, os egípcios atribuíram a figura feminina a deusa dos céus, que deu origem, guia e cuida de tudo que existe manifestado.

Os nossos Rituais praticados na Sala Capitular e no Templo expressam uma importante Lei Hermética que já estudamos, mas ainda não citamos. Lei que nos remontam a alegoria de Nuit descrita pelos egípcios.

O CORPO DE NUIT

Já verificamos em textos anteriores a similaridade que tomamos em nossos rituais com o símbolo do Sol em sua jornada, nascendo pela manhã e morrendo a noite, que representa uma jornada completa da vida humana, assim como um dia de trabalho.

A Sala Capitular DeMolay não é ostentada por colunas, pinturas, cordas, e por nenhum outro símbolo que foram inseridos no Templo Maçom. A Sala Capitular é um local ainda mais simples, é o local onde no oriente nasce o sol e no ocidente este morre, sem mais nem menos.

As decoração simbólicas que vemos nos Templos Maçons hoje não são originais, são simbolismos inseridos com o tempo e com a diferença entre os Ritos. Mas em uma coisa a Maçonaria coincide com a Ordem DeMolay em sua originalidade, ambas possuem suas construções e rituais dedicados a glória do Sol e a beleza e harmonia do Universo, pois seguem o Princípio Hermético da Correspondência, como bem já vimos no texto Esoterismo da Ordem DeMolay e Maçonaria, Templo de Salomão e Geometria Sagrada.

Os egípcios já construíam seus Templos dessa mesma maneira, à glória do Sol que guia o dia e dá a vida, e a Lua e ao céu estrelado que revelam os segredos da noite. Fizeram a entrada dos seus Templos Solares com a porta de entrada a Oeste e o Altar principal a Leste, onde o Sol se ergue. Dessa maneira saímos das trevas e caminhamos em direção a Luz.

A tradição se manteve interrupta, e hoje ainda os Iniciados criam seus Templos em reprodução do veem no céu, assim é a Sala Capitular e o Templo Maçom, em seu teto vemos o corpo de Nuit.

PRINCÍPIO DO RITMO

Nossos rituais realizam a Obra Solar, ou seja, o simbólico caminhar do Sol no céu.

Como vimos no texto Iniciação - Alquimia e Hermetismo, vamos morrer e não há nada que possa impedir isso, assim como nada pode impedir que o Sol se ponha toda noite. Mas agora devemos completar essa afirmação, pois nada pode nos impedir de renascer novamente, assim como o Sol nasce a toda manhã.

Esse importante fato é a "Obra Solar", representado nos nossos rituais, foi identificado pelos Hermetistas e imortalizado através do Princípio do Ritmo.

Diz o Caibalion sobre esse princípio: "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo, em suas marés; tudo sobe e desce".  Isso significa que nada é eterno, tudo um dia acaba e morrerá, desde a mais organizada civilização, às estrelas, as nossas vidas, tudo chegará um dia ao seu ocaso.

Mas tudo existe por um motivo, e essa Lei expressa a importância da renovação, da criação de novas coisas, da morte do antigo para o novo nascer, como muito já dissemos. Pode ser representada pelo próprio símbolo do círculo, uma das figuras geométricas mais importantes dentro do simbolismo hermético.

A morte e o renascimento são fatos descritos por essa Lei. A Lua se desfaz em sombras para poder renascer, o Sol deita no ocidente para renascer no oriente, a serpente desfaz a própria pele para renascer. O círculo é a representação da vida, onde uma geração se desfaz para outra vir. Também novamente nos deparamos com o importante símbolo do Ouroboros.

Os antigos sacerdotes ainda foram mais longe em suas observações, que devemos tomar como meditação. Eles observaram que o que não é representado simbolicamente por um circulo, o é literalmente. Ao subir uma montanha observaram que o horizonte é circular, observaram que circular é o formato do Sol, da Lua e das estrelas, e que todos obedecem a órbitas circulares. Isso fez com que o círculo se tornasse o próprio símbolo da Unidade Criadora, de Deus, de onde saímos e para onde devemos voltar.

O princípio do Ritmo está contado em toda mitologia que segue a "Jornada do Herói", que veremos mais a frente, contendo os mesmos aspectos que realizamos em nossas Iniciações. Mito em que o Herói sai para um jornada, passa por desafios e provas que o tornam alguém diferente, abrem as percepções para uma realidade maior, e retornada para a casa de onde veio como alguém diferente.

Tudo isso entre as entrelinhas dos rituais praticados sob o corpo de Nuit.

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2 comentários:

  1. Texto esplendido, eu já havia estudado sobre o Ritmo através do Caibalion, é um dos seus 7 princípios em que eu achei mais interessantes, acho que por realmente ver ele em uma sala capitular e poder perceber que é a mais pura verdade.

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  2. Parabéns pelos artigos, cada um vem num sequencia de um proposito maior. Muito bom para quem quer se conhecer, aprender e refletir. Forte Abraço!

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